segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Harmonia



De repente imperfeita!
De uma imperfeição dorida;
Imperfeição evidente, cruel, precoce, mofa...
Ainda crisálida, na saída do casulo: incompleta.

Já borboleta luta para fortificar seu íntimo, a asa tomou forma crônica...desagradável.
Sozinha, desconsolada, não respeita, não aceita o defeito...
Olha tudo não percebe nada.
Infiltra-se em meio as muitas tribos;
Em vão fantasia-se como todas elas;
A verdade é nua.
Borboleta quando despe-se vê sua forma frágil, torpe...
A única saída: ignorar.
Ignora, a beleza, e a falta dela.
Descobre que existem outras saídas,
esconde a asa débil, e voa de outra maneira: caminha.

Caminha sem rumo, toma novas direções.
Nunca esquece que tem asas, secretamente quer voar...
Passos lentos, olhar perdido, riso frouxo.

Por um momento esquece o que esconde,
e aí percebe que ocultar a asa mingua a possibilidade de voar.
Ao imaginar-se presa ao chão para sempre, revolta-se;
Primeiro sente medo, depois esperança, até encorajar-se fortemente;
Arranca a cápsula na qual se esconde, e liberta-se.
Sabe que não existe uma cura, e voa mesmo empenada, mas voa...
Sente o vento carinhosamente, sente-se livre de si própria, já nada importa...
Não importa a feiura de sua asa, esta orgulhosa de si, agora sabe-se inteligente;
Sente-se interessante o suficiente para olhar outro bater de asas ao flanco;
É um bater de asas infinitamente belo, forte e protetor.
Junta-se a ele.

As asas são as mesmas, o íntimo resistente, o coração pleno...
Tudo esta em harmonia.
Já não esta só.
Deseja voar muito alto...nas asas do amor!

Sara Almeida

1 comentário:

  1. Lindo o poema, Sarah!
    Obrigada por suas palavras lá no Universo!!! Eu a convido também a visitar o 30 em Uns... Lá eu tento falar um pouco da experiência dos 30 anos... Não é fácil, mas é maravilhoso! Concordo com você quando diz que estou numa espécie de 2ª adolescência... Só que é ainda melhor do que isto, não sei explicar direito!
    É como a história da borboleta e o ciclo pelo qual passa... A gente se modifica e, com o tempo, tomamos consciência do quão frágeis somos diante do mundo, da vida, do universo.
    O tempo passa... E, como você mesma disse, não somos como nascemos. E a única certeza que temos é que um dia isto acabará... Ou não!
    Beijo, linda! Já estou seguindo você!!!

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