sexta-feira, 31 de julho de 2015

daqui em diante

eu mudei, me transformei, readaptei
 e dessas mudanças, diferenças, acontecimentos
de tantas maneiras que poderia me tornar
fui me parecer justamente comigo mesma
e pensar que percorri um caminho tão longo e penoso
 a custa de lágrimas para perceber
que eu não precisava ser outra,
apenas ser mais de mim mesma
agora posso retomar
de onde não me lembro ao certo
que tal do meio do caminho
Sem pressa, sem expectativas, apenas leve
daqui em diante
sedenta de sensações
das velhas e das novas
SA

quarta-feira, 29 de julho de 2015

multi(a)plicar

no fundo todos somos sozinhos, na maior parte do tempo
desatinados ao meio da multidão, enraizados em solidão
não olhamos para ninguém, não olhamos por ninguém
 juntos algumas vezes nos sentimos desacompanhados
simplesmente porque sintonizar com todo o resto requer ceder parte de nós mesmos
e por mais que tentamos chega sempre aquele momento de ficar quieto e observar
quieto e calar, mas isso nada tem a ver com amor ou desamor
intimamente solitários, somos seres contraditórios também 
vivemos arduamente para multiplicar-nos em todos os sentidos
em ter mais, sonhar mais, viver mais
quando na verdade se nos empenharmos em dividir
estaremos certamente a multiplicar
SA

sexta-feira, 24 de julho de 2015

o tempo, a maturidade, o desenvolvimento do amor próprio me deram ferramentas muito poderosas para sobreviver...mas me tirou também alguns sentimentos lúdicos dos quais sinto falta, e não consigo acreditar que seja possível reencontrar...

quinta-feira, 23 de julho de 2015

A Vida não me Desapontou


Não, a vida não me desapontou! Pelo contrário, todos os anos a acho melhor, mais desejável, mais misteriosa... desde o dia em que vejo a mim a grande libertadora, a ideia de que a vida podia ser experiência para aqueles que procuram saber, e não dever, fatalidade, duplicidade!... Quanto ao próprio conhecimento, seja ele para outros aquilo que quiser, um leito de repouso, ou o caminho para um leito de repouso, ou distração ou vagabundagem, para mim é um mundo de perigos, é um universo de vitórias onde os sentimentos heroicos têm a sua sala de baile. «A vida é um meio de conhecimento»; quando se tem este princípio no coração, pode viver-se não somente corajoso mas feliz, pode-se rir alegremente! E quem, de resto, se ouvirá, portanto, a bem rir e a bem viver se não for primeiramente capaz de vencer e de guerrear? 

Friedrich Nietzsche, in "A Gaia Ciência"

terça-feira, 21 de julho de 2015

o melhor presente

todos os dias devíamos lembrar um pouco do que fomos
analisar aquilo que somos e idealizar muito do que queremos ser
perceberemos então talvez que o melhor do que foi é o que somos
e o pior do virá é o que não seremos
nestes momento de lembranças, análises e idealizações
que conseguiremos perceber que só podemos ser importantes para o outro
quando somos importantes para nós mesmos
e nossa importância está muito mais no que fazemos e sentimos
do que naquilo que recebemos e temos
nos percebemos ajustados ao meio
quando nos perdoamos
quando conseguimos olhar para o pior de nós
porque só olhando o pior de nós bem de frente
somo capazes de nos redefinirmos seres melhores
encare o pior de si, sem vergonha 
e só assim poderá compreender que o melhor esta por vir
não é para parecer nenhum tipo de promessa
mas seria bom evitar o abandono de nós mesmos
e praticar o silêncio como formar de reconhecimento interior
é o pincel de dentro que colore o que nossos olhos observam cá fora
lá num cantinho bem escondido tem muita tinta colorida
olhe bem para seu lado negro e despeje essas cores para fora
e não há por que esperar, o melhor presente ofertado é HOJE
SA

sexta-feira, 17 de julho de 2015

um filho

não há vento
depois de tantas tempestades
finalmente posso respirar
não há vento lá fora
nem cá dentro
ouço o silêncio
nesse silêncio ainda não me reconheço
apenas calo
e observo
ele tão pequenino
tão dependente de mim
tão meu
real e sonho
sento no barco
olho para ele
olho para o remo
ainda não tenho forças para remar
vou me dar este tempo
sem pressa
vou apenas olhar para ele no seu sono
na sua graça, na sua alegria
que também é minha
depois de tantos percalços
me calço de toda segurança que ele trouxe a mim
que eu tinha e nem sabia minha
seu nascimento é meu renascimento
grata pela sua vida em minha vida
te amo filho!

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Do zero ao infinito...

A vida às vezes vira a gente de ponta cabeça e chacoalha até derrubarmos tudo aquilo que carregamos. Nos tira a roupa, nos elimina a coragem e o que chamávamos de possibilidade. É como se algo tão denso nos fosse colocado no colo que é obrigatório soltar tudo o que se tinha para suportar o peso. A vida nos embaralha, um sopro tão forte nos transformando em meros desconhecidos, desconexos. E quando a gente volta a postura normal, restam olhos e semblante perdidos. Lábios secos e carregados de medo. Parece até que a vida teve fim e o que poderia ser, não nos pertence mais. Mas é só quando a gente coloca o pé no chão que entende: possibilidade mesmo não são aquelas coisas que imaginamos que nos pertencem, não é ter embaixo dos braços um punhado de quase certezas que contam com o acaso e com a sorte. Possibilidade é começar do zero – com as mãos vazias. É mais do que acreditar – é fazer acontecer.
Camila Heloise

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Clarabela (II)

eis que reencontro Clarabela, perdida no deserto imenso de si mesma,
difícil tarefa de apresentar com clareza e beleza a menina a ela mesma
já não mais menina, por vezes segura por vezes desesperada na sua condição de mulher
humana demais, realista demais, enxergando seus sonhos mas se entregando à prioridades
os balões ainda lhe cativam, mas agora os pés puxam-lhe para o chão
e nada de barcos, pois as âncoras podem se soltar
e nada de voar, pois cair pode muito lhe custar
Clarabela conheceu um mundo, dois mundos, outros mundos e tantas pessoas
o Egito ainda não foi desbravado por ela, talvez nunca seja,
pois a menina que mora dentro da mulher precisa de um sonho guardado
a menina tornou-se mulher, e após mares navegados, muitos voos alçados
ela volta exatamente para as ruas das quais fugiu, não as achou mais belas,
mas entendeu finalmente que não importa para onde vá, nem as cores que enxergue,
tudo que viveu é seu e ninguém pode mudar isso,
e que o mais belo nem sempre é o mais importante
não tem mais quem lhe instrua, como a primeira professora
não tem mais quem lhe ensine com doçura e sensibilidade, como o avô,
não tem mais quem lhe corrija as falhas, como a mãe,
mas tem quem pode lhe mostrar um mundo novo, 
ensinar de forma lúdica, sensibilizar com inocência e corrigir de forma sutil
é chegado o momento de calmaria, de reconhecimento, de auto-afirmação,
um faraó surgiu, completamente diferente do imaginado
mas um faraó, melhor e mais completo do que o desejado,
e domina a vida de Clabela, descende dela o verdadeiro amor
uma marca, uma evidência, um elo, um filho
que traduz o amor na sua forma mais genuína, e perpetua Clarabela em toda sua essência...
SA
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