O dia foi chegando ao fim e todos os sons foram se dissipando. Os sons vão ficando mais altos, e depois mais baixos até desaparecerem. O sol já foi embora, a lua se escondeu.
Até que chegue o som do silêncio, das ideias arrebatadoras, antes disso muitos sons se propagam, muitas formas de vida vem até mim em forma de palavras, de sons imaginativos e depois me entrego ao sono como de manhã me entreguei a luz do sol.
Enquanto ouço diversas coisas que durante o dia me passam despercebidas, apetece carimbar tudo no papel, tudo o mais claro e perceptível possível, é solitário a falta de sono, mas é também interessante se prestarmos atenção ao que a noite oferece.
Consigo ouvir cada movimento dos vizinhos, do lado direito o choro da criança que chegou ao mundo faz poucos dias, chora desesperadamente como se soubesse mais do que precisa. Do lado esquerdo um cão solitário, que as vezes encontro nos passeios matinais, este coitado chora por falta de espaço posso sentir isto pelo som que ele reproduz, deveria ser punido o dono que cria este bicho assim sem ter como dar saltos altos e latidos com ecos. No apartamento de cima músicas variadas dependendo do humor do dia, e tem dias que consigo ouvir os murmures do casal que acabou de iniciar a relação.
Da rua os barulhos são diversos, o barulho do comboio que durante o dia é quase mudo, agora parece que vai passar por cima de mim, no princípio da noite é de dez em dez minutos e vai diminuindo o ritmo até o último desfile nos trilhos. Ainda assim, após o último comboio passar, quando o silêncio parece ser total, consigo ouvir os risos dos jovens num café-bar da rua de trás, bêbados e confusos a procura de suas casas.
Toda a confusão do dia desaparece, e a noite serena cala todos os ruídos, eu continuo aqui escutando o respirar tranquilo do meu amor, o tic-tac do relógio, o ziguezagueado do lápis no papel branco, que era para anotação de estudos e acaba aqui cheio de ideias e impressões minhas como sempre. Apetece levantar e digitar as ideias, mas aqui a luz fraca do criado é tão tranquilizante, e de pensar em levantar o sono vem em forma de preguiça. As ideias continuam fervilhando na mente, mas de repente já estou quase dormindo. Levemente adormeço, e num piscar de olhos o dia nasce outra vez, o último som de antes de dormir e o primeiro na hora que acordo é bem conhecido, o som dos constantes devaneios.
E mais um dia que o relógio determina a sequência dos meus passos, mas não a responsabilidade dos meus atos. Mais um dia misturada aos sons e barulhos do mundo aí fora, que as vezes sorri para mim, mas também chora. E quando acabar este dia volto aqui para libertar as ideias e enclausurar os medos. Um dia cheio, pessoas em volta, vitórias e derrotas, e no fim sempre só, companheira das próprias ideias, amiga do silêncio, amante do som mudo.
Até que chegue o som do silêncio, das ideias arrebatadoras, antes disso muitos sons se propagam, muitas formas de vida vem até mim em forma de palavras, de sons imaginativos e depois me entrego ao sono como de manhã me entreguei a luz do sol.
Enquanto ouço diversas coisas que durante o dia me passam despercebidas, apetece carimbar tudo no papel, tudo o mais claro e perceptível possível, é solitário a falta de sono, mas é também interessante se prestarmos atenção ao que a noite oferece.
Consigo ouvir cada movimento dos vizinhos, do lado direito o choro da criança que chegou ao mundo faz poucos dias, chora desesperadamente como se soubesse mais do que precisa. Do lado esquerdo um cão solitário, que as vezes encontro nos passeios matinais, este coitado chora por falta de espaço posso sentir isto pelo som que ele reproduz, deveria ser punido o dono que cria este bicho assim sem ter como dar saltos altos e latidos com ecos. No apartamento de cima músicas variadas dependendo do humor do dia, e tem dias que consigo ouvir os murmures do casal que acabou de iniciar a relação.
Da rua os barulhos são diversos, o barulho do comboio que durante o dia é quase mudo, agora parece que vai passar por cima de mim, no princípio da noite é de dez em dez minutos e vai diminuindo o ritmo até o último desfile nos trilhos. Ainda assim, após o último comboio passar, quando o silêncio parece ser total, consigo ouvir os risos dos jovens num café-bar da rua de trás, bêbados e confusos a procura de suas casas.
Toda a confusão do dia desaparece, e a noite serena cala todos os ruídos, eu continuo aqui escutando o respirar tranquilo do meu amor, o tic-tac do relógio, o ziguezagueado do lápis no papel branco, que era para anotação de estudos e acaba aqui cheio de ideias e impressões minhas como sempre. Apetece levantar e digitar as ideias, mas aqui a luz fraca do criado é tão tranquilizante, e de pensar em levantar o sono vem em forma de preguiça. As ideias continuam fervilhando na mente, mas de repente já estou quase dormindo. Levemente adormeço, e num piscar de olhos o dia nasce outra vez, o último som de antes de dormir e o primeiro na hora que acordo é bem conhecido, o som dos constantes devaneios.
E mais um dia que o relógio determina a sequência dos meus passos, mas não a responsabilidade dos meus atos. Mais um dia misturada aos sons e barulhos do mundo aí fora, que as vezes sorri para mim, mas também chora. E quando acabar este dia volto aqui para libertar as ideias e enclausurar os medos. Um dia cheio, pessoas em volta, vitórias e derrotas, e no fim sempre só, companheira das próprias ideias, amiga do silêncio, amante do som mudo.
Nem sol, nem lua, somente eu.
Sara Almeida
Conheço bem esses sons, minha amiga... O que nos dizem e o que querem dizer. E, no final das contas, o que acaba fazendo toda a diferença é o mais inerte e, ao mesmo tempo, mais instigante e inspirador de todos: o do silêncio. É bem verdade, ele fala (e como!)!
ResponderEliminarBeijinhos escarlates.
...ternas palavras, suaves pensamentos sozinha com seus botoes, nem o sol nem a lua por testemunha, apenas e tão somente as impressões...
ResponderEliminarbeijo!
Oi Sara,
ResponderEliminarHá vezes em que determinado momento de percepção se faz necessário apenas para que possamos nos situar dentro de um contexto. Ligar o sensitivo dentro da fria rotina que o mundo e a sociedade impõe na cobrança do imposto de passagem. Estar consigo mesmo observando movimentos distonantes à volta faz em verdade a grande diferença num ambito ainda maior de racionalidade.
As vezes, é bom se perder para se achar como dizia Lispector, mesmo em folhas de papel em branco rascunhadas à grafite de vários tons. E quem sabe -se for bom- colori-lo, para quem sabe pendurá-lo na parede da sala (perto do sofá) do seu singelo apê.
Eu Sara,
sou um cara
movido à sentimento.
E portanto,
faço comentários
por aquilo que sinto.
Poesia é essência
para quem tem em si anseio
de querer ser uma pessoa melhor.
ps. Gostaria de receber uma sugestão sua sobre um tema a ser desenvolvido, e postado no metamorfose.
Aguardar-te-ei.