E se antes, bem antes, um pedaço de maçã...
Hoje quero a fruta inteira!
(teatro mágico)
Desde pequena sempre gostei das palavras, primeiro foram as palavras ditas, falei muito cedo, e falava tudo e muito, até cantava e dançava. Mas não fazia isso como forma de estar sendo vista e sim porque me libertava. Falo bastante até hoje, as vezes falo tanto que quando paro sinto um alívio e um medo de ter falado demais. Apesar de muito falar também ouço as pessoas, que tem a estranha mania de me confessar segredos impensáveis, e penso porque a mim? Não sei mas tanto gosto de falar como de escutar, então ouço e calo, depois escrevo. Sim porque desde que me lembro sempre achei lindo escrever. E antes de ter idade de ir a escola achava a coisa mais linda do mundo alguém sair por aí a fora com cadernos, livros, lápis, e todos os materiais necessários para aprimorar o conhecimento, alguém que lia e escrevia só poderia ser boa figura, até fingia ler com qualquer papel nas mãos para parecer importante. Então quando comecei a aprender as vogais, vi um mundo abrir-se a minha frente, e assim que conseguia formar frases não parava de ler, tudo em todos os lugares, qualquer letra para mim era magia. Até hoje se leio uma revista que seja não pulo uma única frase, nada escapa aos meus olhos. Leio rápido, devoro, parece até que não estou a prestar atenção, mas estou sim, absorvo com cada sentido o poder da palavra, seja ela escrita ou falada. E guardo tudo na memória, cada coisa que escrevi até hoje lembro-me bem, e nunca me esqueço das coisas que me dizem. Uma coisa engraçada é que ouço melhor com os olhos abertos, e cheiro melhor com os olhos fechados, sou mesmo uma criatura estranha. Ler e escrever são coisas bastante importantes para mim, talvez como comer, sou gulosa na escrita e na comida. Adoro ler e escrever cartas, embora já não faça e fico triste com isso, minha caligrafia é bonita pena ter ficado no passado a escrita manual. Escrevo e-mails gigantescos, como se fossem cartas, as pessoas queridas que estão distantes. Acho o telefone um mal necessário, não me emociona tanto quanto a escrita. Quando li um livro pela primeira vez tinha eu oito anos de idade, uma das minhas irmãs emprestou da biblioteca pública da nossa cidade, tínhamos uma carteirinha de sócia, engraçado como as coisas mudam rápido. Me lembro bem era “O cachorrinho Samba na floresta” (Maria José Dupré), e segui muitas outras aventuras do Samba, talvez minha querida irmã nem se lembre, mas a partir daquele ato ela me apresentou um mundo novo, e contribuiu para que me tornasse mais esclarecida, sim porque ler é conhecer, o conhecimento é vital para formar uma sociedade saudável. Minha irmã é mesmo boa figura (risos), nunca mais deixei de ler, e foi também ela que me “apresentou” Machado de Assis, e foi Dom Casmurro a primeira obra de Machado que li. Dali para frente tudo que posso ler leio, o que não posso fica na lista de espera. Quando sai do primário e passei a ter mais matérias na escola, achava-me um bicho estranho pois gostava igualmente de matemática e literatura, que raio de pessoa se apaixona por números e palavras com a mesma força. Então dedicava me as fórmulas matemáticas que sinto prazer em resolver, e me escondia nas minhas escritas secretas, que foram todas para o lixo antes de qualquer pessoa ler. Sempre escrevi muito, o fato é que só agora decidi que isso é bom para mim, e até gosto de ler o que escrevo, finjo que não sou eu, e acho até bonito. Gostaria mesmo de ter menos afazeres e poder escrever mais, quem sabe daqui uns anos consiga me refugiar num canto qualquer, com um verde bonito e escrever como se fosse uma necessidade fisiológica, porque é! Por enquanto escrevo pela metade, logo serei só palavras, de olhos fechados e dedos velozes. É o que espero.
Hoje quero a fruta inteira!
(teatro mágico)
Desde pequena sempre gostei das palavras, primeiro foram as palavras ditas, falei muito cedo, e falava tudo e muito, até cantava e dançava. Mas não fazia isso como forma de estar sendo vista e sim porque me libertava. Falo bastante até hoje, as vezes falo tanto que quando paro sinto um alívio e um medo de ter falado demais. Apesar de muito falar também ouço as pessoas, que tem a estranha mania de me confessar segredos impensáveis, e penso porque a mim? Não sei mas tanto gosto de falar como de escutar, então ouço e calo, depois escrevo. Sim porque desde que me lembro sempre achei lindo escrever. E antes de ter idade de ir a escola achava a coisa mais linda do mundo alguém sair por aí a fora com cadernos, livros, lápis, e todos os materiais necessários para aprimorar o conhecimento, alguém que lia e escrevia só poderia ser boa figura, até fingia ler com qualquer papel nas mãos para parecer importante. Então quando comecei a aprender as vogais, vi um mundo abrir-se a minha frente, e assim que conseguia formar frases não parava de ler, tudo em todos os lugares, qualquer letra para mim era magia. Até hoje se leio uma revista que seja não pulo uma única frase, nada escapa aos meus olhos. Leio rápido, devoro, parece até que não estou a prestar atenção, mas estou sim, absorvo com cada sentido o poder da palavra, seja ela escrita ou falada. E guardo tudo na memória, cada coisa que escrevi até hoje lembro-me bem, e nunca me esqueço das coisas que me dizem. Uma coisa engraçada é que ouço melhor com os olhos abertos, e cheiro melhor com os olhos fechados, sou mesmo uma criatura estranha. Ler e escrever são coisas bastante importantes para mim, talvez como comer, sou gulosa na escrita e na comida. Adoro ler e escrever cartas, embora já não faça e fico triste com isso, minha caligrafia é bonita pena ter ficado no passado a escrita manual. Escrevo e-mails gigantescos, como se fossem cartas, as pessoas queridas que estão distantes. Acho o telefone um mal necessário, não me emociona tanto quanto a escrita. Quando li um livro pela primeira vez tinha eu oito anos de idade, uma das minhas irmãs emprestou da biblioteca pública da nossa cidade, tínhamos uma carteirinha de sócia, engraçado como as coisas mudam rápido. Me lembro bem era “O cachorrinho Samba na floresta” (Maria José Dupré), e segui muitas outras aventuras do Samba, talvez minha querida irmã nem se lembre, mas a partir daquele ato ela me apresentou um mundo novo, e contribuiu para que me tornasse mais esclarecida, sim porque ler é conhecer, o conhecimento é vital para formar uma sociedade saudável. Minha irmã é mesmo boa figura (risos), nunca mais deixei de ler, e foi também ela que me “apresentou” Machado de Assis, e foi Dom Casmurro a primeira obra de Machado que li. Dali para frente tudo que posso ler leio, o que não posso fica na lista de espera. Quando sai do primário e passei a ter mais matérias na escola, achava-me um bicho estranho pois gostava igualmente de matemática e literatura, que raio de pessoa se apaixona por números e palavras com a mesma força. Então dedicava me as fórmulas matemáticas que sinto prazer em resolver, e me escondia nas minhas escritas secretas, que foram todas para o lixo antes de qualquer pessoa ler. Sempre escrevi muito, o fato é que só agora decidi que isso é bom para mim, e até gosto de ler o que escrevo, finjo que não sou eu, e acho até bonito. Gostaria mesmo de ter menos afazeres e poder escrever mais, quem sabe daqui uns anos consiga me refugiar num canto qualquer, com um verde bonito e escrever como se fosse uma necessidade fisiológica, porque é! Por enquanto escrevo pela metade, logo serei só palavras, de olhos fechados e dedos velozes. É o que espero.
Sara Almeida
Somos indubitavelmente um produto da nossa história vivida à partir do momento em que nascemos...
ResponderEliminarLembro que li muitos livros desde pequeno. Meu pai alugou um escritório, e lá havia centenas de livros de contos de fada, carochinha, etc... Largados pelo antigo locatário que não pagou os aluguéis atrasados. E fugiu...
Depois quando já era um adolescente entrei de sócio numa entidade chamada circulo do livro. Pagava um valor todo mês que me dava direito a escolher 3 livros. Eram 36 livros por ano.
O problema é que eu não tinha fluxo para ler os livros que iam chegando formando pilhas sobre a mesa do meu quarto.
Li tanto livro nessa época que cheguei a pensar que estava ficado vesgo.
Rescindi o contrato com o circulo do livro.
Estive -não faz muito tempo- na bienal do Ibirapuera, na feira do livro, e dentre tantas editoras com seus stands só havia uma parede branca onde picharam: "Quem lê muito estraga as vistas".
Eu uso óculos de leitura e você?
Falando em costureira, lembrei de uma trecho do livro: A costureira e o Cangaceiro, de Frances de Pontes Peebles, onde o escritor faz uma analogia entre pessoas e tecidos.
ResponderEliminar"Como as pessoas, cada tecido tem as suas próprias vantagens e limitações. Alguns são finos e lindos, mas frágeis que se rasgam ao mínimo picote. Outros têm a trama tão cerrada que nem dá para ver as fibras. Há ainda os que são grossos, encorpados, chegando até a arranhar. Impossível mudar o caráter de um tecido. Ele pode ser cortado, rasgado, cozido, para se transformar em vestidos, calças, ou toalhas de mesa, mas seja qual for o feitio que assuma, o pano continuará sempre o mesmo. A sua verdadeira natureza não se altera, qualquer boa costureira sabe disso."
A Costureira e o Cangaceiro.
(Francis de Pontes Peebles)
Imagino que sua avó deveria entender bem dos tecidos que trabalhava, à ponto de saber distinguí-los com naturalidade, confiança, respeito, sensibilidade, e delicadeza.
Ela era pequena e delicada?
Perguntei por saber que nos menores frascos estão os melhores perfumes. Até breve...
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