domingo, 15 de novembro de 2009

Espaço vazio

Ando perdida em meus pensamentos
sufocada por ideias impensáveis
sofrendo de uma mal sem cura
o mal de mim mesma
sem sentido para vida
tem em mim um buraco gigante
astro nem estrela será capaz de preencher
é um vazio comum a qualquer humano
apenas eu o admito
apenas eu faço perguntas
apenas eu sei que as perguntas não tem repostas
qualquer tentativa de entendimento seria um falhanço
sou eu por mim e contra mim
tenho muitas coisas
mas o ter é pouco
o saber nunca é suficiente
minha mente esta a cada dia mais ativa
e não tem nada a ver com distúrbios psíquicos ou falta de amor próprio
com tristeza ou confusões sociais
tem a ver com a realidade
com a certeza de que o nada existe
e meu tudo é muito profundo
quanto mais penso menos sinto
porque ter este vazio é o mesmo que não sentir
o ar esta a entrar e sair mecânicamente de mim
e o frio que congela meu corpo é menor do que aquele que dominou minha alma
minha alma que é a essência desconhecida
é a força que luta para dominar-me
enxergo através de um clarão um buraco negro e profundo
não existe um mundo
isso tudo parece mais uma invenção qualquer de um ser que nunca foi nada
como uma onda de fumaça que pode ter forma de tudo e na verdade não ser nada
sou um pensamento perdido
um desejo reprimido
um olhar cego
um beijo seco
um toque amortecido no ar
sou um não ser e viver
um estar e não fazer
sou a cada dia menos do que fui
e a cada segundo mais do que desejei
e não há remédio, não há esperança e nem fé
nada pode parar o turbilhão de porquês que flutuam em mim
sou assim um começo sem fim
perdida dentro de mim
Sara Almeida

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