terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Pedaços de tudo

Sendo a morte uma eternidade de nada, a vida que é o contrário da morte deve ser uma eternidade de tudo.
Morrer é perder tudo, viver é perder nada.
Então resta-me lutar para viver, afinal nada se perde em viver.
Viver o tudo que a vida tem a oferecer, antes que morrer e nada ter a fazer.
Hoje é uma fatia do tudo que venho juntando estes anos todos, e a fatia de hoje é tão pequena comparada a tudo que vem por aí a fora.
É preciso grande força nesta busca não pode haver esmorecimento, se depois de tudo que viver ainda me restar consciência, quando estiver perto da eternidade do nada, de nada me arrependerei, pois do nada fiz tudo e para o nada tudo é muito.
Sou um nada que pode fazer de tudo.
Sara Almeida

3 comentários:

  1. NOSSA. Menina, tu tens - meeeesmo - musicalidade nas tuas palavras. Adoro as tuas analogias! Quando penso: "Não, ela já alcançou o ápice de sua criatividade",você vai e se supera. Parabéns!
    A propósito... não poderia deixar de dizer que esse texto é TUDO! rs
    beijos escarlates!!!

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  2. Olá Sara...

    Já é de longa data que tenho notado que a simplicidade é a sua marca registrada. Acho ótima essa postura que tens. Como dizia o poeta, a simplicidade é querer uma coisa só.

    A solução pra vida é quando temos a coragem de dizer: "eu queria o simplesmente"... é ser capaz de reconhecer o único e necessário bem que nós pertencemos, geralmente quem quer muita coisa não quer nada, geralmente quem diz que ama muitas pessoas não ama ninguem, por isso o discurso da simplicidade é um caminho seguro.

    Muitas vezes queremos muitas coisas, e no ato de querer o muito acabamos nos despredendo de nós mesmos, porque querer muito é esquecer quem somos.

    Eu sou a simplicidade, uma estrutura que depende de um único querer, e a partir do momento que nos preocupamos daquilo que é unico, a vida segue com sabedoria.

    É o mesmo que querer escrever mil cartas ao mesmo tempo, você nao tem condições de transcrever várias cartas, como não é possivel percorrer mil quilometros se a gente não der o primeiro passo, é tão fácil dizer que a vida e complicada demais, a vida não é complicada, a gente que complica no momento em que queremos muito, talvez hoje o pior erro tenha sido querer cuidar de todos e acabou não cuidando de ninguém, porque no momento em que a gente multiplica o nosso querer, a gente perde a capacidade de dividir, e as vezes o que a vida pede de nós é a simplicidade, não tem muito o que fazer, o que buscar, e descobrimos isso no momento em que a morte encosta em nós, alguém está morrendo perto de nós, ou a gente está morrendo...

    A gente descobre que aquilo que faziamos antes a gente já não pode fazer mais, não temos mais forças para fazer o que faziamos antes, quando se é crianca chora-se de fome, ou de sede, é a vida simples acontecendo, e quando vamos crescendo vamos multiplicando nossas necessidades e deixamos de reconhecer o que é importante agora, e ai precisamos descobrir uma forma sem esbarrar na morte, de todos os dias ser capaz da simplicidade que hoje precisa viver, aprendendo isso hoje pode-se corrigir a vida, o que é que você precisa fazer hoje para que se possa descobrir o valor de uma vida simples, simplicidade é querer uma coisa só, quando alguem está morrendo ao nosso lado a gente cancela a agenda da gente, deixa tudo de lado, não há compromisso que não possa ser cancelado, porque o essencial é estar ao lado de quem amamos, que esse aprendizado chegue a nós antes que pessoas precisem morrer para nos conscientizarmos, sabedoria é estar ao lado, ser simples, e não se perder em muitos quereres.

    Saudações.

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  3. Pois pra mim você é um tudo que se dá ao luxo de ser um nada quando quer.

    Entre o tudo e o nada, a vida real continua sensualmente existindo, penso eu.

    Bjs!

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