e nesse passar da vida o presente vai indo embora e virando passado, esmagado, sofrido, cheio de saudades do que foi, do que fomos, do que queríamos...
nem percebemos a estupidez que é ao mesmo tempo não sugar o presente antes de permitir que ele vire passado, e passar o presente todo imaginando um futuro que quando chegar será o mesmo presente lindo que nem sequer desembrulhamos...
eu desembrulho, rasgo o papel do presente, mas ainda fico olhando para traz e espiando lá na frente, este ano quero olhar só para esta caixa diária que é o presente em minha vida, o hoje, o agora, e quando olhar para este presente nas costas ou espiar ele lá quase no fim da caminhada eu possa ter certeza que vivi dele de tal forma que nenhum presente se repita, ou se desgaste...desejo o presente do dia de hoje com seus amores e desamores, com seus problemas e suas flores, que eu tenha a força para o aceitar e a coragem para enfrentar, que ele venha até mim nem manso nem apressado, apenas entre e me deixe desembrulhá-lo e decidir como usar, como oferecer, como descartar, como reciclar...
agora que estou olhando bem de frente para este presente percebi que as vezes ele vem num embrulho grande, outras em várias caixinhas diárias, me senti até pequena diante de tantas possibilidades, mas ele está aqui, não posso perder tempo, vou cuidar de mim e de todas as possibilidades de mudar, de renovar, para guardar um passado bonito e um futuro surpreendente de quem sabe usar seu presente.
SA
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