quarta-feira, 30 de maio de 2012

Dia-ria-mente.


No fim de um dia exaustivo de trabalho, daqueles que em determinado momento a gente se sente flutuando de tanto barulho e tantos afazeres, caminhei até minha casa, grata por poder fazer isso sem precisar usar o carro (trânsito) ou transportes (mais barulho). Consciente de toda sorte que me acompanha, observava cada detalhe, como sempre, mas hoje com um olhar quase infantil. 
A caminhada é relativamente curta, mas prolonguei ao máximo, a riqueza de detalhes de um simples trajeto pode nos dar novas ideias, e nos incitar emoções diferentes. O sapato me apertava os pés (preciso de tempo para comprar algo mais confortável), e como tinha as pernas pesadas, sentei-me um pouco na esplanada de um café charmoso (olho sempre para ele e nunca tenho tempo de entrar), então me dei ao luxo de comer uma guloseima (coisa nada rara, mas com essa calma é novidade), então senti vagarosamente o sabor doce do café, e fiquei a observar na praceta em frente uma senhora a passear com seu cão.
Não pude deixar de rir, aliás de sorrir, com toda a graciosidade daquele bicho, que de irracional nada tem, pois este sim aproveitava cada segundo do passeio como se fosse o primeiro e último da vida dele. Então  outra vez mais percebi que mesmo encharcada de tarefas, preciso todos os dias, nem que seja por poucos minutos me jogar na minha alegria, seja ela qual for, com toda ansiedade e curiosidade que aquele cão fazia. A senhora que o acompanhava carregava uma amargura qualquer, o cão adoçava-lhe o semblante, mas via-se claramente que ele, sim o cão, era o protagonista daquela cena.
Num determinado momento, todo atrapalhado, o cão deixou que a bola (instrumento da brincadeira) rolasse até mim, tive medo quando ele correu para atravessar a rua, mas feliz daquele jeito nada de mal poderia lhe acontecer. Agarrou a bola com a boca e retornou para sua dona, com aquele ar majestoso de quem busca a felicidade nas pequenas coisas.
A noite começa a chegar e continuo meus passos até minha casa, pensando que vou viver qualquer turbulência no dia que me espera amanhã sem qualquer amargura, pois no fim da jornada pego na minha "bola" e aproveito meu passeio, que hoje veio a ser este misturar das palavras.
SA

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