mal sabe ele que tais pensamentos são dominantes
pensamentos brancos é que passam e toda aquela conversa e abraços acolhedores eram apenas circunstanciais
pareciam embebedar e deixar a alma alguns bons centímetros longe do corpo
mas era este efeito passar e toda aquela negritude voltar
latente e gigante como aquelas chuvas torrenciais
que nos remete a amargas lembranças e vai se embora levando encaixotados detalhes ruins de nós mas volta sempre com as caixas molhadas, desfeita...
expondo todas aquelas feridas desfazendo cicatrizes,
e espalhando o sangue espesso em volta de nós
não é fácil ser dominado por pensamentos,
o natural seria domá-los ou ao menos ter a capacidade de encaixotá-los
com caixas maciças e lacradas e neste espaços de sobriedade reconfortante
pode-se viajar por dentro de nós de um nós fresco e desinteressado,
este que deveria acordar e dormir delegando as funções vitais,
mas existe muito mais que cabeça, tronco e membros,
a maior de todas as partes a parte dominante que nos ocultaram: o pensamento
este ser que é o dono de nós,
e que temos que descobrir, conhecer, desvendar e conviver
duramente dias e dias, horas e horas, e a cada segundo
sentir ele a martelar a essência e colorir o que quer, ou descolorir o que não queremos
e a luta constante na verdade não era com o mundo lá fora
levamos tempo a perceber, e ainda mais tempo a nos convencer
que a vida é bem mais que viver, muito mais que vencer... o segredo é guardar nos bolsos as boas coisas
aquelas que encontramos espalhados na sobriedade
trazer tudo e sair espalhando sempre que podemos
e não permitir que nas horas negras seja fechado o caminho
para o frescor de sermos nós mesmos.
SA